Construtivismo é uma das correntes teóricas empenhadas em explicar como a inteligência humana se desenvolve partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio.
Esta concepção do conhecimento e da aprendizagem deriva principalmente das teorias da epistemologia genética de Jean Piaget e da pesquisa sócio-histórica de Lev Vygotsky. Ela parte da ideia de que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio, isto é, ele responde aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada.
Nesta concepção, o conhecimento não se traduz em atingir a verdade absoluta, em representar o real tal como ele é, mas numa questão de adaptação (noção trazida da biologia) do organismo a seu meio ambiente. Assim, o sujeito do conhecimento está o tempo todo modelando suas ações e operações conceituais com base nas suas experiências. O próprio mundo sensorial com que se depara é um resultado das relações que se mantém com este meio, de atividade perceptiva para com ele, e não um meio que existe independentemente.
Na aquisição de novos conhecimentos, o ser humano, segundo Piaget, adota dois procedimentos: a assimilação e a acomodação. Estes dois processos buscam restabelecer um equilíbrio mental perturbado pelo contato com um dado incompatível com aquilo que se conhece até então (princípio de equilibração). No primeiro caso, aquilo com que se entra em contato é assimilado por um esquema já existente que, então, se amplia; no segundo, o dado novo é incompatível com os esquemas já formulados e, então, se cria um novo esquema acomodando este novo conhecimento. Este novo esquema será, então, ampliado na medida em que o indivíduo estabelecer relações com seu meio.
História
O chamado construtivismo, como corrente pedagógica contemporânea, talvez represente a síntese mais elaborada dapedagogia do século XX, por constituir-se em uma aproximação integral de um movimento histórico e cultural de maiores dimensões: a escola nova ou ativa. Movimento que, em seu tempo, assumiu uma concepção reformista e uma atitude transformadora dos processos escolares.
Poder-se-ia dizer, em outras palavras, que o construtivismo seria, em todo caso, um elo que se desprendeu desse grande movimento pedagógico, cujas implicações ideológicas e culturais ainda estão vigentes nas práticas educativas de nosso tempo.
Partindo desse ponto de vista, o construtivismo converteu-se em opção alternativa ao modelo de educação funcionalistanomeado por Émile Durkheim, pois, em seu interior, entrelaçaram-se tanto interpretações ideológicas como diversas visões pedagógicas, que não só influenciaram na forma de pensar a educação escolar, mas também tiveram impacto no modelo da organização escolar e na dinâmica da vida cotidiana nas salas de aula dentro de contextos escolaresconservadores, sobretudo nos países europeus durante a primeira metade do século XX.
Abordando-se o construtivismo a partir de uma visão estritamente pedagógica, como corrente circunscrita ao movimento, aescola ativa surgiu como alternativa necessária à forte presença que produziu o construtivismo radical durante o período que vai de 1950 a 1970 aproximadamente no sistema educativo estadunidense.
Talvez o fato de o movimento europeu "escola nova" constituir-se numa vertente liberal e antiautoritária sem precedentes justifique os dois aspectos centrais do paradigma construtivista: a adoção de novas aproximações teóricas produzidas pelas psicologias da aprendizagem, e a apropriação de novas maneiras de aproximação da filosofia do conhecimento.
Críticas
Críticos do método, afirmam que existem falhas epistemológicas tanto no construtivismo radical quanto no construtivismo social.
Ver também
No entanto, tanto o construtivismo radical quanto o construtivismo social, ao assumirem que o conhecimento é dependente da cognição de quem o produz, individual ou, coletivo, respectivamente, defendem o subjetivismo do conhecimento, o que leva ambas para o idealismo e, consequentemente, para o relativismo. Assim, o construtivismo como um todo falha, epistemologicamente, ao defender a ideia de que, para a construção da realidade, bastam as crenças e/ou as experiências dos aprendizes. O perigo de tal atitude está no fato de que, ao priorizar-se o pessoal ou o social, em relação ao mundo natural, deixa-se de distinguir entre objetos teóricos e reais.[1]
- "A Formação Social da Mente" (Lev Vygotsky)
- Artes liberais
- Filosofia da educação
- Inteligências múltiplas (Howard Gardner)
- Inteligência Emocional (Daniel Goleman)
- Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural (Reuven Feuerstein)
- Teorias da aprendizagem
ReferênciasIr para cima ↑ Carlos Eduardo Laburú e Marcelo de Carvalho. «Controvérsias construtivistas e pluralismo metodológico no ensino de ciências naturais» (PDF). UEL-Revista USP. p. 3.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
MARTÍNEZ RODRÍGUEZ, M. Á. El enfoque sociocultural en el estudio del desarrollo y la educación. Escuela Nacional de Estudios Profesionales, Campus Iztacala. Universidad Nacional Autónoma de México. Revista Electrónica de Investigación Educativa. UABC. México. 1999.
POZO, J. I. Teorías cognitivas del aprendizaje. Terceira edição. Morata. Madrid. 1994.
Ligações Externas[editar | editar código-fonte]
Jornal GGN - "A crítica ao construtivismo." Criton Mendes, 20/12/2010, página visitada em 18 de Janeiro de 2015.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



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