
Quando falamos do profissional, indicamos nossa opção de carreira, o tempo que estivemos em uma determinada empresa, o cargo que ocupamos nela, a quantidade de cursos que fizemos e os eventos nos quais participamos. É através desse “currículo”, que somos qualificados, valorizados e aceitos na sociedade. E talvez até por nós mesmos. É por isso que nos deixamos levar.
Esquecemos que a pessoa que somos agora, é o somatório da que trouxemos ao nascer, com a que nos tornamos pelas influências externas de nossos pais ou de quem nos criou, com a cultura que absorvemos do lugar onde nascemos ou moramos, juntamente com os conhecimentos acadêmicos adquiridos por nós através de nossas escolhas.
Em um mundo capitalista, a exigência de valores tende para o lado comercial e isso nos faz acompanhar essa tendência. É preocupante, já que muitas de nossas escolhas equivocadas e que nos deixam frustrados, possivelmente se dão pela força que fazemos para atender a esse apelo, como tentativa de aceitação e inserção a um padrão que determina sucesso ou bem estar.
Somos levados a agradar ao meio, desconsiderando a pessoas que somos e aos anseios de nossa essência, o que nos torna indivíduos por vezes bem sucedidos, mas frustrados. No esforço para resolver essa questão, utilizamos algumas alternativas, que para quem já entrou nessa roda viva, é conciliar a situação atual com atividades que preencham esse outro lado reprimido ou, mesmo antes de entrar, identificar e orientar suas escolhas objetivando atender às exigências desses dois pilares procurando harmonizá-los. Você deve estar pensando, falar é fácil! E eu concordo, mas você há de convir, que consertar é mais difícil do que fazer o certo. Essa é a proposta: prevenir.
Lá nos tempos da escola, eu brincava, bordava, fazia teatro, pintava, cantava, tocava instrumento, declamava e compunha músicas que defendia nos festivais. Não que isso fosse o certo, mas com certeza, o contato com essas inúmeras possibilidades, facilitou e muito a identificação de tendências, talentos pessoais, o desenvolvimento deles e de muitos outros. Essa prática diversificada proposta pelos mestres, aumentou as chances de envolvimento por parte dos alunos nas atividades, deixando transparecer suas preferências, facilitando a percepção e escolha pela mais adequada. Importante ressaltar, que o resultado obtido através delas, tornaram-se indicadores até para outras fases que nortearam escolhas importantes ao longo da minha vida. Aprendi a conviver em grupo, a respeitar as diferenças e a compreender porque tocava triângulo e não flauta como gostaria. O processo que vivemos nessa e em várias fases da vida, ensina e amadurece. Vivê-lo nos ajuda achar o caminho do meio. Aquele que é nem tanto e nem tão pouco, sabe? O que falta hoje. Oscilamos para os extremos!
Talvez nosso maior desafio seja compreender que inovar é ter um novo olhar sobre o todo e não das partes. É ousar e ousando, encontrar uma nova forma de atender as necessidades do ser por caminhos mixados pelas tecnologias novas ou não. É utilizar com criatividade, adequação de meios e métodos, autoconhecimento e análise, de forma que possamos atingir as metas planejadas.
De volta ao encontro ”profissional”, marcado por muitos relatos, que de tão interessantes, por vezes ainda povoam minha mente, e por isso talvez justifiquem porque as vivências infanto-juvenis, acompanham nossa trajetória de vida e podem até determinar comportamentos, influenciar direta ou indiretamente nossa vida profissional. Daí, originária a idéia da total relevância no processo de construção do ser humano, do seu conhecimento e de sua história. Esses fatores, auxiliares nas escolhas nossas de cada dia, devem ser levados em consideração antes de qualquer ação, principalmente por parte da docência ou liderança que acompanha diariamente qualquer pessoa, independente do estágio ou condição em que se encontre. Seja como filho, aluno ou subordinado.
Nesse encontro, a ênfase e o destaque foram atribuídos para etapas importantes da vida: infância, adolescência e maturidade. Estavam impregnados de sensações sobre brincadeiras, medos, mitos, natureza, sonhos, bichos, liberdade, pais, avós, primos, ovos de páscoa, sóis, luas, estrelas, livros, amigos, amores, perdas, ganhos, viradas e decisões os quais compunham a história de cada uma delas, e se tornaram determinantes na formação dos profissionais não menos brilhantes nos quais elas se transformaram, bem sucedidos ou não.
A partir de então, mais identificada com algumas pessoas e simpatizante com outras, não tive mais o mesmo olhar nem sobre mim e nem sobre elas. Conseqüência do efeito especial que o exercício da docência traz. Ela permite que pelo viés da convivência, enriqueçamos pela troca e respeitemos mais uns aos outros. Caminhamos juntos, construindo o conhecimento e ficando cada vez mais ricos de histórias. Riqueza que não tem preço, pois quanto mais se convive, mais se aprende mutuamente, seja na escola da vida, na virtual ou na convencional. E no fim de cada encontro, fica o prazer em conhecer.
Agora, tenho uma parte daquela que chegou, mas que ao sair, levou consigo o que viu e o que ouviu. E assim se transformou. Constatação que na vida é assim sempre. Cada um há seu tempo, que convivendo, conhecendo e trocando, vai sempre estando e não mais sendo…
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Sheila Christina Sant´Anna é carioca, Especialista em Educação a Distância (SENAC/RIO), Pedagoga( UESA/RJ) e Publicitária( FACHA). Atualmente trabalha como consultora de assuntos educacionais, soluções e projetos relacionados à EAD. Como pedagoga, na confecção de cursos para treinamento e formação de professores. Realiza trabalho voluntário em EJA (Educação de Jovens e Adultos), e em projeto de incentivo à prática de valores humanos às comunidades carentes da Ilha do Governador.
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